Dei uma sumida básica por aqui, mas não por falta de tempo e sim por excesso. Nessas duas últimas semanas, finalmente comecei a ter tempo livre após o encerramento das turmas (que ainda sequer foram totalmente encerradas). Com tempo, dormi bastante e curti bastante e deixei mesmo o blog de lado. Mas o vegetarianismo - ou a tentativa dele - continua firme e forte...e com receitas novas.
Ok, repensemos esse firme e forte. Posso dizer que já foi mais difícil. Fiz um mês de vegetarianismo comemorando com um super nhoque à bolonhesa (troca-se a carne pela soja e voilà!), com molho de tomate produzido por mim mesma, nem um cadinho ácido, saboroso e sem conservantes. É, deu mais trabalho que abrir à tesoura a embalagem de molho pronto, mas a pressa e o imediatismo ficaram no mundo do fast food que me parece cada vez mais distante e é na cozinha, aos fins de semana, que meu paladar é feliz de verdade. Pensei muito sobre isso nessas duas últimas semanas, a falta de opção e sabor da comida em geral. Após sair do dentista na semana passada, com uma restauração recém feita, vaguei sem pressa pelo Iguatemi, procurando uma refeição sem bichinhos que me fizesse salivar de verdade. Tal foi minha surpresa quando nem mesmo as com bichinhos me fizeram pensar em cair em tentação. O cheiro da comida, que é o que mais me atrai, esvai-se em um shopping entre o cheiro artificial de ar condicionado e os perfumes dos passantes. Nem mesmo as cores são exploradas. Passei por três restaurantes self-service nos quais as saladas eram tão mirradas e óbvias que deu pra entender o porquê na fila quilométrica no Mc Donalds. Lá, pelo menos cheiro a comida tem – artificialmente alterado para sucitar uma fome exagerada, mas tem.
Fico eu com as minhas comidas, com cheiro de feijão novo cozinhando, com cheiro do alho frito que refogará o arroz novo, com o aroma doce do molho de tomate caseiro, tudo com cheiro verde e cebolinha, tudo novo, tudo fresco, tudo feito na hora, comida lentamente degustada com as janelas abertas, o cheiro invadindo a casa dos vizinhos, mesa arrumada, toalha de mesa limpa.
Comer deve ser um prazer e devemos prestar mais atenção ao que levamos à boca, em que humor estamos quando comemos, o ambiente ao nosso redor. Eu não suporto comer com barulho, com criança correndo, com som alto. Eu sacralizo as refeições de maneira até exagerada. Vez ou outra eu me pego com raiva do fato de que raras são as vezes às quais o pessoal lá em casa senta para almoçar, juntos, pratos arrumados na mesa. Família é família mesmo na hora das refeições, todo mundo junto, todo mundo conversando, comendo, sem pressa, dividindo mais que uma refeição, um momento juntos. Vejo cada vez menos esse hábito nas casas por onde passo, o sentar à mesa, a hora de comer. É na lei do cada um pega seu prato e prepara no fogão mesmo e vai sentar na frente da TV. Eu me considero bem prafentex mas nisso eu sou super tradicionalista. Comer tem hora e ritual. Vai ver é isso que venho reparando ao comer fora - é cada um por si e a comida vai sendo reposta. Não gosto disso e precisei virar vegetariana e consequentemente prestar atenção aos meus hábitos e rotinas alimentares para entender o que me incomodava tanto naquele entrançado de gente, primeiro na salada, depois nos acompanhamentos e depois nos vinte mil quilos de carne. Claro que isso é a realidade de um self-service. Ainda existem restaurantes à la carte que respeitam os rituais da refeição.
E por falar em restaurante, enfim fui à Cura do Planeta. Recomendo demais. A comida é gostosa, tudo temperado de forma diferente, o atendimento é maravilhoso e o ambiente...ah, o ambiente é um caso à parte. Comer lenta e confortavelmente em uma casa linda, com folhas outonais caindo de uma imensa árvore que mantêm a casa fresquinha. Comer bem, com conforto e por um preço maravilhoso: R$ 7 o prato médio e R$ 10 o prato grande. Eu fui de prato grande, claro, faminta como eu estava. E os alunos que me acompanharam, Gucci, Liz e Giovanna, adoraram. Acho que foi meu único encerramento de turma do qual saí satisfeita e nada culpada (vamos combinar que salgadinho e bolo é bom mas faz um mal sem tamanho). Foi a partir do nhoque de lá que quis fazer o meu próprio. E vamos logo, caros leitores, que o que é bom dura pouco. Ironicamente a Praça da Cura (fica quase no final da Virgílio Távora) vai acabar; no local onde ela existe vai ser construído um Shopping Center.
Vou tentar não atrasar as publicações, mas só tentar. Uma boa semana para todos!