quarta-feira, 20 de fevereiro de 2013

Sobre como ficamos doentes segundo a Ayurveda


Venho estudando a Ayurveda há algum tempo e todos os dias me surpreendo um pouco mais com a diferença gritante entre esta ciência holística e a alopatia. Embora a alopatia seja imbatível no atendimento de urgências e emergências, ela deixa muito a desejar no aspecto da prevenção e cura definitiva de doenças, principalmente as crônicas. Muitos remédios alopáticos além de curarem apenas temporariamente o paciente (pois tratam a doença e não o paciente), ainda causam outras enfermidades devido aos efeitos colaterais dos processos químicos. Além disso, quem nunca ficou frustrado ao sair de uma consulta alopática rápida e superficial demais, com as mãos cheias de remédios e o bolso vazio?

Para a Ayurveda, a manifestação de doenças ocorre em seis estágios. Buscarei descrevê-los de forma bastante compreensível.

Para a Ayurveda, o segredo de uma vida saudável reside na digestão.
Shat Kriya Kal - Os seis estágios da manifestação de doenças

Sanchaya - O estágio da acumulação

O primeiro estágio do desenvolvimento de doenças é formação e acumulação de toxinas. Digamos que você  resolva jantar comidas de difícil digestão muito tempo depois do sol se pôr. Sem tempo e sem as ferramentas necessárias para digerir a comida àquela hora (já que o pico do poder digestivo é ao meio-dia), o corpo, ao invés de estar se purificando à noite, incomoda teu nome à noite inteira, fazendo com que você não consiga o tão necessário descanso. Ao acordar de manhã, você se sente pesado, letárgico e às vezes até nauseado. Não é para menos - a comida da noite passada não conseguiu ser digerida, ainda está lá no seu estômago literalmente apodrecendo e a náusea é a prova de que o corpo quer eliminá-la. Ao invés de jejuar durante a manhã para dar ao corpo o tempo que ele precisa para digerir aquela comida, empurramos mais alimentos para que o pobre estômago se vire para digerir, e ainda jogamos café e/ou alimentos gelados para piorar a situação. Mal-digerida e transformada em toxina, a comida vai para o intestino.

Prokopa - O estágio da agravação

Como não modificamos nossa deta e estilo de vida de forma a favorecer a digestão, continuamos a criar toxinas que vão se alojando nos intestinos. Ignoramos os gases, o inchaço, a náusea, quando não mascaramos tais sintomas com remédios alopáticos como anti-ácidos.

Prasura - O estágio da migração

O acúmulo de toxinas formadas pela comida mal-digerida no intestino se torna insuportável ao corpo e, ao processar os alimentos e retirar deles os nutrientes que serão espalhados pelo corpo, junto vão as toxinas. Nutrientes e toxinas são espalhados pelo corpo inteiro.

Sthana Samshraya - O estágio do aumento da doença

Ao achar um órgão com menos resistência, as toxinas se alojam. Ao se acumularem em uma área de baixa imunidade, as toxinas começam a prejudicar o funcionamento do órgão. Existem várias razões para a queda de imunidade de um órgão, entre elas influências congênitas, efeitos de dietas ruins, falta de exercícios físicos (principalmente aqueles que vão além do trabalho do músculo, tendo efeito nos órgãos internos, como a Yoga), efeitos de doenças anteriores, mudanças climáticas, poluentes químicos e radiação.

Vyakta - O estágio das manifestações sintomáticas

Nesse estágio, as toxinas que adoeceram os órgãos começam a mostrar seus efeitos. Todo o processo já citado torna o corpo incapaz de manter sua imunidade. É quando nos descobrimos doentes e vamos ao médico.
Bem longe de serem a solução.

Bheda - O estágio das complicações

Voltamos para casa repletos de remédios que  irão apenas mascarar os sintomas, ainda forçamos o corpo a lidar com os diversos efeitos colaterais de tais drogas os quais muitas vezes não possuem sintomas imediatos. A raiz do problema sequer foi diagnosticada. Quem pensaria que uma infecção urinária ou uma artrite têm origem na má-digestão de alimentos? Anos de alimentos má-digestão geraram tantas toxinas que o corpo depende dos medicamentos que cegamente consumimos para a manutenção de seu funcionamento. O corpo perdeu a habilidade de se auto-curar por não entendermos e nem respeitarmos seu funcionamento natural.



Como é possível concluir, somos os maiores responsáveis pela nossa saúde. Se conseguirmos modificar nossa alimentação e estilo de vida de forma a favorecer e não prejudicar a digestão, evitaremos o acúmulo de toxinas. Pequenas mudanças na rotina fazem toda a diferença como nos consumirmos alimentos facilmente digeriveis durante a manhã e principalmente durante a noite, deixando alimentos de difícil digestão para serem consumidos quando o corpo pode lidar com eles, ao meio dia. Evitar ao máximo o consumo de líquidos e frutas durante e depois das três refeições principais do dia evitam que a digestão seja prejudicada e, consequentemente, nos torna livres de doenças. 




2 comentários:

  1. saber que tem quem chegue em casa pra lá de 22h e jante "comida pesada" todo dia. Quando o trabalho escraviza a pessoa, ela adquire hábitos tão pouco saudáveis!

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  2. Patrícia, a sociedade nos escraviza e nos faz esquecer que nosso corpo dá sinais de que o estilo de vida que levamos não está nos fazendo bem. Chegar em casa às 22h e comer comida pesada pode ser um hábito influenciado pelos pais, por exemplo. Você cresce vendo seu pai fazer isso, cresce acostumado a comer o equivalente a um almoço no jantar e acha que é assim que deve ser feito, que não vai "dormir com fome". No entanto, é um ciclo vicioso. Os mesmo hábitos geram a mesma falta de saúde geração após geração.

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